“Eu quis te esquecer, juro que quis. Cheguei a te excluir de todas as
minhas redes sociais, mas vivia te stalkeando dia e noite. Deletei seu
número e ainda bloqueie para não poder receber nenhum tipo de ligação,
ou SMS. Como se eu não soubesse seu número de cor e salteado né. Dei
sumiço com os nossos históricos do MSN, parei de assistir nossos filmes,
deixei de ouvir as nossas músicas, e já cheguei a não ir a lugares só
para não poder te encontrar. E sabe o que aconteceu? NADA. Maldito
perfume esse seu que vive me perseguindo. É sério. Já passei por
diversos garotos que tinham o seu cheiro. O perfume anda na promoção é?
Merda de cheiro. E sabe aquela música que você vivia tocando pra mim no
violão? Aquela que tô até enjoada de ouvir, porque parecia que você só
sabia tocar ela. Então, acredita que semana passada, o carro que quase
me atropelou, estava tocando essa música na maior altura? Merda de
música. Mas o moço do carro me ajudou, me levou na padaria pra comer
alguma coisa. E ainda o cara do caixa da padaria tinha o maldito corte
de cabelo feio que você insistia e costumava cortar, provavelmente desde
que nasceu. Merda de cabelo. Então eu quis sair correndo de lá e ir pra
minha casa, mas correr me lembraria de todas as vezes que a gente
apostava corrida no meio da rua e os carros xingavam até não poder mais.
Aí fui andando devagar e senti uma falta da sua mão entrelaçada e suada
na minha. E fui mais rápido e esbarrei no moço da pipoca que me
perguntou se eu estava com pressa porque ia encontrar meu namorado, e eu
tive que gritar que não tinha um namorado. Merda de pipoqueiro. Era na
semana de provas trimestrais e além de quase ser atropelada, eu tinha
que pegar o caderno pra estudar as fórmulas que estavam justamente nas
últimas folhas, pertinho dos desenhos que a gente fazia. Maldito
caderno. Ainda bem que minha amiga me ligou em seguida e não me deixou
queimar o caderno, mas me mandou ligar a TV no canal de fofocas. Só que a
TV tava na novela, na cena que o Jorginho e a Nina discutiam, brigavam,
se evitavam e tocava aquela música ridícula da Marisa Monte e depois se
beijavam. Típico o que nós fazíamos e depois ríamos. Maldita Marisa
Monte, maldito Jorginho, maldita novela. Então estragou minha semana,
como você sempre costumava fazer. Estragou a minha vida. Transbordei de
raiva e de fome. Queria comer, isso seria uma ótima ideia se não tivesse
uma pizza velha na geladeira que me lembrasse da noite que a gente
sentou na calçada, apostou quem comia mais fatias sem tomar água e
depois você me fez passar mal de tantas cócegas. Então vou dizer uma
coisa que jamais achei que iria dizer: “Maldita pizza!” Amo vitrines de
roupas, mas olhar me faz lembrar sua falta de paciência. Amo baladas,
parques e shopping, mas os malditos casais amam lá também. Resolvi ver
meu facebook, sem notificações importantes, sem mensagens importantes e o
feed de notícia nada de importante, exceto um maldito amigo em comum
que curtiu uma foto sua de você sorrindo com a blusa que te dei,
sorrindo do jeito que eu gosto. Malditos amigos em comum. Por que você
ainda usa a camisa que te dei? Quis sair. Ir pra balada. Eletrônica,
você odeia mesmo. Fui de carona com o pai da minha amiga que ouvia a
música que você odeia, entro lá e dou de cara com o garçom. E quer saber
o que estava escrito no crachá dele? O seu nome. Maldito nome, já falei
né? Do lado casais, do outro casais e no meio eu morrendo de saudade de
ser seu par e falar mal dos outros pares. E quis voltar pra casa porque
era impossível querer tanto não lembrar de você e lembrar o dobro, mas
como eu sou a garota com mais sorte no mundo, esbarrei num cara parecido
com você na saída, com o mesmo carro, uma calça sua que eu conhecia e o
cheiro do perfume barato e azedo seu de sempre. Na hora tive vontade de
xingar o garoto de maldito por ser parecido com você e por ter
derrubado meu copo de vodka, mas só consegui perguntar o que você tava
fazendo aqui. E você com aquela cara de sonso respondeu que tava fazendo
o mesmo que eu. Mas eu estava tentando te esquecer, caramba! Deu
vontade de ir embora, só faltava decidir se eu queria ir sozinha ou com
você. Mas decidi rápido: SOZINHA. Então te avisei que estava indo e você
disse que tudo bem. Maldito tudo bem, porra! Até que eu vou, você grita
lá de longe que vai comigo e eu esqueço que estava tentando te esquecer
a semanas. Garoto, qual o seu problema? Precisei perguntar na mesma
hora. Você precisa parar de aparecer em cada esquina que ando. E eu me
derreti logo em seguida, quando você não respondeu nada e só me beijou.
Maldito beijo com gosto de halls. MALDITO CORAÇÃO!”
— Thiara Macedo & Amanda Patrício
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