"Espere ao menos eu te contar algumas coisas, depois você pode ir. Pode
ficar também, se quiser, mas espere, por favor, espere eu dizer que
afasto todo mundo fácil demais e sumo, sumo muito. Metade de mim nunca
quer ser de nada e a outra metade vive procurando um canto para se
aquietar. Eu tenho problemas com isso como se pode perceber. Havia
alguém até uns dias atrás, talvez ainda haja, mas você não sabe o quanto
me falta vontade para isso tudo… É desgastante demais procurar um
abraço específico em outros, em tantos soltos pelo mundo sendo que eu,
eu pedi apenas um. Acabo me desencontrando e ninguém consegue me
encontrar - lá vou eu sumindo outra vez. Como custa me ganharem, meu
Deus! E olha que nem exijo muito, mas não dá, eu não consigo sair
pertencendo porque todas as mãos parecem iguais. A sua mão me sorriu,
não deveria, mas sorriu. Há muitas coisas que quero poder dizer a você
de um jeito suave, mas para não te assustar, por enquanto é isso. Não
posso deixar que as palavras me denunciem em demasia. Eu vou fingindo
que sou calmaria para ver se você vem um pouco mais e me perdoe se um
dia a minha intensidade te engolir. Você sempre terá as portas abertas."
Camila Costa
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